Café da Manhã com 'Roda de Conversa' marca acolhimento das assistidas no Programa “Protege Mulher”

Programa Protege Mulher no acolhimento de mulheres vítimas de violência.“Eu achei que estava sozinha, mas eu tenho uma rede de apoio. Graças a Deus eu tenho a Polícia Municipal de Ananindeua. Agora tenho com quem contar.” O relato emocionado de uma das assistidas do Programa Protege Mulher resume o impacto do encontro promovido pela Prefeitura de Ananindeua, por meio da Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Social (SESDS), no acolhimento de mulheres vítimas de violência.

O evento contou com um café da manhã seguido de roda de conversa, reunindo novas participantes do programa, equipe técnica da segurança pública e representantes do governo municipal. A ação marca o início de uma jornada de cuidado, escuta qualificada e fortalecimento do vínculo entre a rede de proteção e mulheres que, mesmo tendo rompido o silêncio por meio do Disque 100, ainda não formalizaram boletim de ocorrência.

O Programa Municipal Protege Mulher representa uma nova forma de acolher vítimas de violência doméstica. Ele atua no momento mais sensível da denúncia, quando a mulher pede ajuda anonimamente, mas ainda não se sente pronta para procurar a delegacia.

Subinspetora Edilene Vargem, coordenadora do programa.“Esse programa vem justamente para acolher e fortalecer essa mulher, para que um dia ela consiga romper com esse ciclo de violência. Às vezes, o que falta não é coragem, é rede de apoio. Muitas já perderam o suporte de familiares e amigos, foram isoladas pelo agressor, e não têm mais forças sozinhas”, explica a subinspetora Edilene Vargem, coordenadora do programa.

Segundo Edilene, a Polícia Municipal de Ananindeua já atua em dois programas de proteção a mulheres vítimas de violência. Agora, com o Protege Mulher, o município fecha uma lacuna importante.

“São mulheres que denunciaram a violência pelo 190, mas que, por medo ou falta de apoio, ainda não registraram BO. A gente vai até elas. Oferecemos escuta, orientação, articulação com outras secretarias que possam oferecer saúde, assistência, educação, capacitação profissional, creche, emprego. Vamos entender o que ela precisa para sair do ciclo de violência e reconstruir a própria vida.”

Titular da SESDS, Renata Natividade.A secretária da SESDS, Renata Natividade, enfatizou que o Protege Mulher é mais do que um programa: é um braço humano da política pública, com empatia, acolhimento e presença.

“Nem toda mulher consegue ir direto à delegacia. Muitas têm medo, filhos pequenos, dependência financeira, e outras tantas não acreditam mais que serão ouvidas. O Protege Mulher vem para dizer: você não está sozinha. Estamos aqui para caminhar com você até que tenha forças para florescer e se libertar”, declarou a secretária.

Renata também destacou o envolvimento da gestão municipal na criação do programa.

“Nós criamos um grupamento especializado da Polícia Municipal, com mulheres preparadas para atender outras mulheres. E quero dizer a vocês: podem contar com a Prefeitura, com o nosso prefeito, doutor Daniel, com o vice Hugo Atayde, e com toda nossa equipe. Nós não vamos largar a mão de vocês. Nós também já passamos por isso, conhecemos a dor. Se estivermos juntas, com solidariedade e empatia, vamos vencer.”

Voz de quem venceu o medo

Hudenice Almeida, assistida pelo programa.Durante a roda de conversa, um momento de silêncio deu espaço à emoção. A assistida Hudenice Almeida compartilhou sua história. Ela sofreu violência doméstica por parte do próprio filho.

“Ele me agredia verbalmente, já chegou a me agredir fisicamente. Até fogo na minha casa ele botou. Tomar a decisão de denunciá-lo partiu meu coração. Até hoje eu não durmo direito, não como direito. Mas eu precisava proteger minhas outras filhas, precisava me proteger. Foi muito difícil, mas hoje eu tenho apoio.”

Com voz embargada, mas firme, Hudenice reforça a importância do programa:

“As meninas da Guarda Civil Municipal são tudo pra mim. Receber elas na porta da minha casa, de dois em dois dias, me dizendo que eu sou forte, que eu posso, isso me dá força. Graças a Deus, hoje eu me sinto acolhida, protegida e pronta pra recomeçar.”

A chefe de gabinete da prefeitura, Kedna Barbosa, também participou do evento e reforçou o compromisso da gestão com a proteção de mulheres em situação de vulnerabilidade.

“Estamos olhando para quem, por muito tempo, foi ignorada ou invisibilizada. Esse programa é uma demonstração de sensibilidade e coragem da Prefeitura de Ananindeua ao enfrentar o problema da violência com empatia e ação concreta.”

O Programa Protege Mulher atende mulheres vítimas de violência.

O que é o Programa Protege Mulher?

É uma iniciativa da SESDS que atua diretamente com mulheres vítimas de violência que realizaram denúncias anônimas por meio do Disque 100, mas ainda não formalizaram um boletim de ocorrência. O programa oferece escuta qualificada, acolhimento, visitas domiciliares e encaminhamentos para os serviços da rede municipal de proteção, como saúde, assistência, psicologia e capacitação.

Em Ananindeua, nenhuma mulher precisa escolher entre o silêncio e a insegurança. O Programa Protege Mulher existe para escutar, acolher, proteger e transformar vidas.

Como funciona o Disque 100?

É um canal nacional, gratuito e sigiloso para denúncias de violações de direitos humanos. Funciona 24h por dia, inclusive aos finais de semana e feriados. As denúncias podem ser feitas por telefone, WhatsApp, site, Telegram e por videochamada em Libras. O canal encaminha os relatos aos órgãos competentes, como conselhos tutelares, Ministério Público, polícias e secretarias especializadas.